[MUNDO LIVRE- RP Pública] Fase Inicial

O tamanho atrapalhava demais naquele lugar ocupado, e não por menos ele com sua cauda tomou Hinata pela cintura, a deixando no chão antes de rugir mais uma vez, um tanto baixo. Seu olhar dourado era apenas preocupação e raiva. Novamente o som desagradável da carne e dos ossos de Adrian se desfazendo e refazendo pode ser ouvido.

Momentos depois, um ofegante Adrian se encontrava ao lado de Hinata. Tinha de segurar sua vontade de não gritar com ela. O que diabos ela havia feito com a própria filha a prendendo daquele jeito? Quem ela era para julgar se aquele era o jeito correto de lidar com um demonio? O Dragão afastou esses pensamentos da cabeça com um bufar e descontou toda sua raiva em um infeliz vampiro que passava a seu lado. O soco que Adrian lhe deu foi o suficiente para lhe partir o crânio e mandar seu corpo inerte para o outro lado do salão. As sombras dançaram ao seu redor. - Hinata, você pode me odiar o quanto você quiser, mas agora eu vou te pedir para ficar por perto. Eu já estou cansado de perder pessoas que eu conheço e com as quais me importo, nem que minimamente. - Comentou ele baixo, olhando-a pelo canto dos olhos enquanto caminhava para ficar a sua frente. Era o pandemônio, mas pouco a pouco as valquírias tomavam controle do lugar. E aquilo, acima de tudo, o preocupava. - Quando isso acabar, eu vou lhe ajudar a encontrar a garota. - Disse ele, tentando dar para a antiga "amiga" seu melhor sorriso consolador. E virou-se para frente. - Por hora, temos apenas de permanecer vivos e... - Adrian teve sua frase engolida pelo uivar dos lobos, e a única coisa que lhe passou pela cabeça foi um "sonoro" : Fodeu.

As coisas aconteciam cada vez mais rápido. A guerra se acentuava, Valquírias e Drinaels protegendo e curando inocentes, enquanto julgavam demônios e eliminavam criminosos o quanto podiam. O mal encarnado roubava criaturas para a loucura, enquanto a batalha continuava, seres das trevas versus seres da luz. O Dragão voltara para o salão, sem a menina-corvo em suas costas, voltando à sua forma humana uma nova vez. Com a chegada do Líder dos Lobos, a trama parecia quase completa.

Por onde olhassem, haviam mais e mais criaturas distintas: As três deusas Banshees lutavam com sua frota, o Rei e Rainha de Atlântida comandavam os sereianos, os Ciganos Mestres tentavam proteger seus iguais, as autoridades bruxas e magos das trevas lançavam seus feitiços, as Musas Veelas eram então um exército de Harpias, os clãs de Fúrias eram guiados por seus respectivos líderes, assim como os clãs Vampíricos. Todas as criaturas mágicas estavam presentes, e agora testemunhavam o Arcanjo Apollyon invocar a arma Ragnarok contra o demônio-assassino Amel.

Mas o pergaminho da Rainha de Luz agora calava a tudo e tudos, enquanto zumbia agudo, atordoando os presentes, um timbre ensurdecedor e paralisante. Em seguida, veio o tremor. Um tremor tão profundo e violento que deixava claro que não era o castelo e tampouco o continente que tremia, mas o mundo inteiro. O pergaminho agora no ar brilhava, emanando luzes douradas, vermelhas e translúcidas, até que pareceu brilhar fortemente em todas as cores, inundando o salão numa luz intensa. E então, no centro do salão, quando a luz se abrandou, um buraco de escuridão e estrelas se formou, como um grande portal. E dele veio a Mãe.

Dividida em 3 figuras, a Mãe adentrou pelo portal, calando a todos e encerrando todas as batalhas, separando inimigos e calando revoltas. O buraco do Universo mantinha-se aberto às suas costas. As 3 figuras eram muito bem conhecidas pelas criaturas mais antigas do salão, e mesmo que não fossem, todos sentiam e sabiam quem eram, no fundo de suas almas e corações: GAIA, a entidade da vida. GANGES, a entidade da morte. E MATTER, a entidade do poder.

trovão fez com que o demônio se calasse, pés plantados no chão, virando-se para Apollyon. - Você sempre teve um péssimo senso de humor, passarinho - Chiou, o veneno escorrendo de sua aura e arrastando-se pelo chão, piche em brasa, o odor de enxofre e sangue tornando-se um com seus arredores distorcidos numa escuridão forçada, a realidade craquelada, cedendo sob os caprichos do diabo. Lambeu as presas com a língua bifurcada ao ver Ragnarok rugindo do ventre da terra, Apollyon subindo em voo simples, apontando-lhe a arma. - E exibido também. Mas você não é a única ponta da balança, Arcanjo. Já experimentei sangue de Valquíria, e quer saber? Vale mais pelo prazer da matança... - Desafiou-o, imóvel, com as mãos para cima, rendido. Ou assim parecia, se o diabo não fosse ardiloso. - Hora de colocar as crianças pra brincar

As trevas que lhe escorriam correram rasteiras pelo chão, um miasma denso e agressivo, um vírus potente e mortal, fugindo e alimentando-se de cada sombra que a espada não tinha dissipado, engordando-se como matéria, como fendas para o inferno. O chão cedia por onde as sombras passavam, criando um labirinto dual de luz e escuridão, a tradução do céu e inferno. As sombras então alcançaram as criaturas mais próximas e logo a próxima e próxima fileira, atingindo seu semblante, transfigurando lobisomens em demônios gigantes e negros, vampiros em comensais sanguinários, presas à mostra, num frenesi incontrolável. Fúrias tornaram-se criaturas extraordinárias, longas asas e caudas, garras rasgando patas. Ciganos contorciam-se e riam como marionetes macabras, olhos vermelhos como os de seu senhor Amel, assim como bruxos das trevas e humanos corrompidos. O diabo ria e ria, ainda rendido. - Oh, parece que muitas das crianças andaram se comportando mal. Quantos assassinos entre nós, não é mesmo, irmãozinho? - E então, agarrou a lâmina flamejante de Ragnarok, em gargalhadas.

A risada do demônio despertou-o de seu vazio escuro, em pânico. Em algum lugar dentro de si, Amel ria. Ou seria fora? Agora ele é quem estava aprisionado em seu próprio demônio. Ewan d'Lioncourt apalpou a câmara escura e pútrida que era seu coração morto, em busca de respostas. Lembrou-se de tudo, como um pulsar: O baile, Elizabeth, o pergaminho, a Rainha, o Arcanjo... E a escuridão. Amel havia proclamado seu reinado, como lhe era de direito. O Rei dos mortos destronara o insuficiente príncipe. Então era isso o que significava perder-se? Durante todas as eras havia evitado, controlado-se, calado o demônio. E agora, não passava de uma sombra em seu coração ressequido. Mas, se Amel agora o dominara e tomara seu corpo, não deveria o príncipe ter desaparecido? Escutava o riso cada vez mais distante, e distante. Estava cada vez mais consciente de si, do lugar que Ewan d'Lioncourt ocupava. E em algum lugar, Elizabeth chamou-o. Sentia seu cheiro... O cheiro de seu sangue. Tentou chamar-lhe de volta, lutou contra as trevas, em vão. Em vão? O calor de súbito envolveu-o, e então uma luz breve brilhou à sua frente. O riso do diabo aos poucos transformou-se em rujido, raivoso. E então, Ewan agarrou-se à luz, sumindo outra vez.

Amel gritava, agarrado à lâmina flamejante do Arcanjo. As sombras emanavam de si como rajadas, lanças firmes de terror e devastação, atravessando o ar do Salão. A criatura cresceu, tomando uma proporção dobrada, assustadora, a aura comendo todo o espaço a seu redor. Olhos avermelhados tomavam-lhe o rosto aumentado, como se tantos demônios agora juntassem-se à Amel, seu senhor. O exército da morte o seguia, preparados para a chacina. Foi quando o pergaminho da Rainha zuniu, retesando toda a matéria que compunha o demônio, obrigando-o à soltar da lâmina e afastar-se.

O demônio agora observava atônito o portal do Universo, temeroso e incrédulo. Todas as criaturas pareciam sofrer de seu mesmo mal, seu exército paralisado, hipnotizado pela porta negra. E então, as luzes! Raios multicolores revoavam pelo espaço, retrocedendo as sombras e trazendo as criaturas às suas formas originais, reduzindo Amel à seu espaço no círculo com o Arcanjo e a Rainha. A Mãe em seguida tomou seu lugar entre todos. A presença de Ganges calou sua Legião completamente, obrigando-o a dobrar o joelho e calar-se, finalmente.

A luz translúcida ao lado direito de Matter brilhou fortemente, preenchendo o ambiente de inúmeras cores vívidas: O azul, o verde e o prateado corriam pelo salão como animais vivos, cascatas e vegetação, envolvendo à todos os feridos e curando-os. Aos Drinaels, Gaia dedicou um delicado abraço, enquanto se ajoelhavam aos poucos e glorificavam sua mãe. Os Elfos eram seus primeiros filhos na Terra, e a filha mais velha dentre eles se encontrava ao fundo, em um círculo de servos. A Rainha de Luz também se ajoelhou, e Gaia olhou-a distante, dentro de sua luz, enquanto as outras irmãs e mães também se manifestavam.

As luzes de Gaia dominaram e dançaram pelo salão. Ganges, do lado esquerdo de Matter, observou em silêncio. Sua luz era opaca, vermelha, e turvava a realidade como se ela mesma fosse um buraco negro, ofuscada por suas duas irmãs. E então, Ganges escureceu-se, como se fosse uma grande sobra ladeada pelo brilhe vermelho. Todas as criaturas amaldiçoadas brilharam no mesmo tom, contornadas por uma fina camada de escuridão silenciosa. Assim, Ganges colocou todas as maldições sob seu comando e controle, desfazendo transformações de lobisomens, contendo fúrias, ciganos, bruxos e todos os outros dos tipos. Aos vampiros, concedeu descanso de seu frenesi, vendo seus primeiros filhos ajoelharem-se. À Amel, direcionou apenas o seu silêncio. Seu filho mais velho na Terra sempre foi também o que mais dava trabalho.

Matter estava no centro, entre Gaia e Ganges, enquanto observava o salão de Hogwarts brilhar e dançar com as irmãs. E então, sua luz dourada radiou como o sol. O sangue derramado no salão limpou-se, os lustres e mobiliários se restauraram, as vestimentas rasgadas remendaram-se e até mesmo os mortos abriram os olhos, se levantando em silêncio e respeito à Mãe da Magia e do Poder. Todo o exército de Valquírias se colocou então de joelhos, seus primeiros filhos na Terra e no Universo. As trevas e as luzes deixaram de existir no ambiente, restando apenas os raios solares de Matter e a ordem outra vez, como se a festa houvesse acabado de começar. As três entidades esperaram que seus filhos reagissem e se aquietassem. A luz dourada de Matter então emitiu um som onipresente e forte - Bem vindos, filhos, ao fim do mundo. E ao começo de uma nova era... - E então, aguardou. O próximo recado seria ainda mais chocante que o primeiro, sabia disso, e era justo que todos tivessem tempo para absorver o que estava acontecendo. Afinal, era a primeira vez na história da existência daquele planeta...